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25 de julho de 2016

Wolverine: Imortal (The Wolverine)

 Quando a Marvel, começou a fazer sucesso na década de 60, o mundo dos quadrinhos mudou, apresentando heróis, heroínas e vilões imperfeitos, com inúmeros dilemas para lidar. Fazendo assim com que muitas vezes estes protagonistas adquirissem um segundo plano nas historias e os problemas internos fossem as verdadeiras estrelas das historias.
 

 Uma destas historias escrita, por Chris Claremont e desenhada por Frank Miller, na historia em quadrinhos Eu,Wolverine, apresentou uma incrível saga estrelada pelo carcaju e sua questões sobre autocontrole.
 Que lugar no mundo faria alguém como ele repensar o que realmente é senão o Japão, com sua cultura que preza o autocontrole das emoções e pensamentos. O trabalho destes dois artistas foi admirável e influenciou inúmeras gerações que trabalharam com o personagem, sempre adicionado mais detalhes sobre a vida misteriosa do personagem.
 Muitos fãs não esperavam que esta historia do personagem ganhasse uma versão cinematográfica, ainda mais depois do fiasco que foi o X-Men Origens: Wolverine (não exageremos por que a concorrente fez algo pior com seu personagem lanterninha tempos depois), apesar de ter nos mostrado pontos importantes que queríamos ver em vídeo sobre o passado do mutante. Porem muitos ficaram despontados pois Wolverine Imortal, não é a historia que muitos leram nos quadrinhos, pois os roteiristas e produtores tomaram liberdade quanto a ela e levaram os questionamentos a outro nível, bem de acordo com o desenvolvimento do herói no cinema que é bem distante do baixinho marrento das revistas.
 Nesta nova aventura, a questão levantada gira em torno da suposta imortalidade do personagem, que já viu inúmeras pessoas que gostou e amou em sua vida, sucumbirem a vários incidentes e ao tempo, e é na verdade este tempo que devemos ter em mente quando se fala na imortalidade que aqui na verdade não é física (apesar do personagem ser duro de matar), mas sim de natureza psíquica e emocional.
 Aqui Wolverine começa como um verdadeiro eremita, vivendo tao longe como pode, de tudo e de todos, atormentado pelo seu passado.
 Os tormentos do passado terminam frequentemente com visões da ultima mulher que ele amou e acabou matando, a Jean Grey, que aqui vemos assumir uma especie de voz interior, que sempre questiona o herói em determinados pontos, remetendo sempre a coisas do passado. E é do passado que surge o chamado do herói, para a aventura que levara a botar todas estas questões na mesa para pensarmos,e que lugar mais perfeito para tratar destes assuntos que o Japão, e sua cultura que reverencia o passado mas sempre olha para o futuro.
 O Japão é representado aqui pelo clã Yashida e curiosamente cada um deles representa um aspecto diferente do povo japonês, apresentando personagens complexos, que possuem seus próprios propósitos.
 Temos a Yukio, por exemplo, vemos pelo seu visual e jeito que representa, o Japão moderno, jovem, que respira e vive a cultura pop, mas se mantem em alguns aspectos fiel as tradições e respeito aos antepassados. É ela quem chama Logan pra aventura, ao dar recado de que um velho conhecido, gostaria de vê-lo uma ultima vez. Convite este que o herói se recusa primeiramente, porem a moça lhe diz algo que o toca, e sente que talvez esta visita a um passado a muito esquecido possa trazer um pouco de paz a sua alma.
 Assim o herói vai para Tóquio, e ficamos deslumbrados com as noites cheias de luzes da metrópole japonesa, algo que deve impressionar mesmo qualquer um que a visite, bem como o poder do nome Yashida por todos os cantos da cidade.
 O patriarca Yashida, construiu de certa forma um novo Japão, apos o fim da guerra. De uma família milenar do norte do arquipélago japonês, composta de grandes samurais e com servos ninjas que juraram lealdade ao clã, o velho Yashida conheceu Logan e seu segredo apos o mesmo ter salvo sua vida da explosão da bomba de Nagasaki, e deve ser notado nas expressões dos personagens,o espanto e o horror ao verem a destruição que a bomba causou.
Seu único filho Shingen, que era o grande vilão da HQ, adquire no filme a posição de um homem de negócios, um empresario tipico do Japão moderno, preocupado com o nome da empresa e da família, tratando Logan de forma sempre aspera, rígida e contida, como se enxergasse alguém indesejado a ser respeitado.
 A filha de Shingen, Mariko, é o centro desta disputa de poder, que representa o que a de mais belo na cultura japonesa. Ela é voltada as suas responsabilidades junto a família, representando uma certa submissão a esta situação, porem dotada de uma força unica, capaz de fazer qualquer pessoa, acordar para a realidade de seus propósitos. Não é atoa que o herói desdo primeiro momento que a vê sente que tem algo de especial nela.
 Em uma conversa curta com o herói, o velho oferece uma maneira de tornar ele mortal, de tirar seu poder, o algo que faz dele diferente, e transferir pra outro, e revela que teme muito pela vida da adorada neta, criando aqui um paralelo, com a ideia do homem mortal se preocupar com sua terra, pois esta e sua beleza esta sendo ameaçada, e não tem mais forças pra lutar, restando apelar para um herói ajuda-lo. Porem Logan demonstra não ser este herói, pois esta preso a imortalidade real de seus sentimentos pelo passado, algo que não deixa morrer e acaba negando o seu proposito, e ao negar seu proposito, o herói nega a si mesmo e perde seus poderes.
 A partir deste momento Logan, parte numa busca por si próprio, ao salvar Mariko das garras da mafia, e ela consequentemente, vai se abrindo com ele, e o questiona sobre seus demônios, fazendo com que o herói adquira um novo proposito e reconquiste seu poder.
Tudo isso esta nos primeiro e segundo ato do filme, referenciado por detalhes em cada cena, com a sutileza tipica da cultura japonesa, fazendo meditar sobre estas questões que o herói tem que atravessar, e assim acaba sendo uma jornada para nos mesmos.
Muitas vezes temos que abrir mão de muitas coisas, deixa-las morrer e também morremos um pouco com elas, mas são necessárias pra nos renovarmos.
 Porem cabe aqui um aviso, mostrado no terceiro ato do filme, pois o verdadeiro inimigo se revela e deseja nada mais nada menos que possuir o poder do herói.
 Aqui o verdadeiro inimigo é alguém que foi salvo da morte certa, pelo herói e assim inspirado por esta nova chance, decide se tornar um herói também, fazendo tudo ao seu alcance, para tornar a vida de todos melhor. Mas o caminho para isso é cheio de desafios e apesar dele ter tido uma nova chance de vencer o maior de todos, o mesmo preferiu fugir se apegando as coisas que conquistou e almejando conquistar o poder do herói. Desta forma todo mundo em volta a este personagem parece desmoronar e se perder, levando a loucura ao ver que pode perder seu bem mais preciso, e assim ele próprio se perde.
 Estes são os detalhes que devem ser notados, na historia, pois é isso que da a ela o diferencial pra curtir o filme.
 Sobre a produção e atores, devo citar que acertaram na forma de apresentar um pouco da cultura, locações e paisagens. Mostrando aquela famosa ordem, paz e tranquilidade, em determinadas cenas, ou o ritmo caótico e frenético em outras.
 Já as atuações, foram muito boas de acordo com a complexidade dos personagens, com destaque para Rila Fukushima, que interpretou a Yukio, e para a Tao Okamoto, que interpretou a Mariko.
 Recomendo assistir este filme que merece ser apreciado pelas questões que levanta, como as que citei nesta postagem e pena que a cena pos créditos desconsidere o potencial de seguir a historia do carcaju a partir deste ponto fazendo com que este e outros passados sejam esquecidos, para um novo começo.
 Obs.: A versão estendida tem algumas cenas adicionais que ajudam a entender um pouco melhor a historia.



Wolverine


 Yukio

 Mariko

Wolverine e Yukio

Yukio e Wolverine no velório do patriarca Yashida

 Mariko e Wolverine fugindo da Yakusa

Wolverine lutando com ninjas


Trailer

Onde encontrar o filme?


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